quarta-feira, 23 de abril de 2008

Quando se acha mole... PISA!

Aqui há uns sete ou oito anos fui aplicadora de testes PISA. Os testes, para quem não os conhece, são em forma de caderno: a página da esquerda tem o texto (que pode ser um texto escrito, uma gravura, um gráfico...) e a página da direita tem as questões relacionadas com esse texto (de escolha múltipla, de resposta directa, de interpretação...).
O aplicador passa as três horas do teste a olhar para os alunos, por isso tem ampla oportunidade de observar como eles trabalham. A maioria dos alunos a quem apliquei os testes - arrisco dizer que perto dos 70% - começa imediatamente a escrever, sem sequer passar os olhos pelo texto, quanto mais lê-lo. Suponho que isto diz muito sobre um dos grandes problemas do nosso ensino, que também se vê nos testes que normalmente dou aos meus alunos: tudo o que dá algum trabalho e não proporciona satisfação imediata, é deixado para trás. Assim, o que implicar leitura e/ou respostas extensas é deixado por fazer.
Quantos colegas já passaram pela situação que a seguir descrevo? Está-se na aula a fazer um exercício escrito. Um menino pergunta: «S´tora, o que é que é para responder na 2?» A professora lê a questão em voz alta. A criança ilumina-se: «Ah! Era isso!» O que se passa é que não leu a pergunta porque isso dá demasiado trabalho, ou então lê tão devagar que a pergunta não chega a fazer sentido, porque quando chega ao fim da leitura já não se lembra do princípio, dificuldade que, por sua vez, é filha da aflitiva falta de prática de leitura.
Estarei enganada?

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