terça-feira, 29 de abril de 2008

A ler...

Antes que voltemos atrás!

Pois...

Isto. A ler e a meditar. O mais giro é que, com o modelo de avaliação proposto pelo ME, os incompetentes e os baldas vão sair-se às mil maravilhas. Como? Fácil: planos de aula muito bonitos (há-de dar um florescente negócio na Net, a venda de planos de aula, ia apostar...!), notas altas (sobretudo naquelas disciplinas que nunca são sujeitas a exame externo e onde, portanto, não há como verificar se os 18 ou os 5 correspondem a qualquer coisa), e quem lê «notas altas», lê «pais felizes», «meninos felizes»... e depois umas aulas assistidas, mais umas acções de formação no que houver (só vale formação «acreditada» pelo ME), usa-se muito computador, muito quadro interactivo, diz-se sempre que sim ao director, e zás, lá se passa aos 25% de «muito bons» - a menos que o avaliador não seja santo e reserve o «muito bom» para si mesmo, que a vida custa a todos.
E os alunos aprendem alguma coisa? Irrelevante. Assim como assim, para ser repositor em máquinas de Coca-Cola não é preciso saber assim tanto. Certo?

Bom demais!

Isto é tão bom, mas tão bom mesmo que não podia ficar de fora... Se calhar, devíamos começar a ler «A Bola»!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Devo estar a pesadelar!

Dizem-me que a alternativa ao PS é o PSD.
Oiço que a Menezes poderá suceder Manuela Ferreira Leite, Pedro Santana Lopes ou Alberto João Jardim.
Suicidava-me, mas ainda sou muito nova para morrer e tenho duas filhas para acabar de criar!
Onde se preenchem os impressos para emigrar... sei lá, para longe... para a Nova Zelândia? Para os Mares do Sul? Para Marte?

Lá vem a TLEBS outra vez! Era só o que nos faltava...

Leio isto no Ciberdúvidas

Antes - Designava-se por "aposto" o que, entre vírgulas, acrescentava algo ao
sujeito (D. Afonso Henriques,primeiro rei de Portugal, tem…)
Com a TLEBS 1 - Designava-se por "modificador do nome apositivo" e dentro deste conceito diferenciava-se o "nome apositivo de tipo nominal",o de "tipo adjectival", o de "tipo preposicional" e o de "tipo frásico"
Com a TLEBS 2 - O "aposto" desaparece de vez e é substituído pela designação única de "modificador do nome apositivo"


E pergunto eu, já preparada para todos os que virão aqui chamar-me burra, estúpida, inepta, desejar que eu nunca seja professora dos seus filhos e rezar a todas as divindades para que as crianças nunca tenham os seus neurónios manchados pelo conhecimento de um só complemento circunstancial, essa heresia que ofende a Deus e aos linguistas, não necessariamente por esta ordem, pergunto eu então, o «apositivo» não deveria vir a seguir ao «modificador»? Não deveria ser «modificador apositivo do nome»? Ou é o «nome» que é «apositivo»?
E, já que estamos com a mão na massa, que mal têm os substantivos? Também é heresia

Bom demais para perder...



Rapinado
daqui como, sem dúvida, percebeu quem viu!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O que é a escola democrática? 1

O que é uma escola democrática? Todas as conversas e desconversas vão dar à escola democrática, mas o que é uma escola democrática?
Se a democracia é, como aprendi lá para 1974 no Liceu, o governo do povo, então a escola democrática é a escola governada pelos alunos? De todo! É vox populi, e muito acertada, que os jovens estão em idade de ser governados: é preciso aprender para depois fazer.
Será então a escola governada pelos professores? Também não. Os professores não têm tempo livre para governar a escola.
A escola democrática que temos é governada pelo Ministério da Educação, cujo nome já diz muito: antigamente era da Instrução Pública, porque se presumia que a educação cabia à família e a instrução ao estado. Agora, é preciso que a escola, além de instruir, eduque, porque a família tem que fazer semanas de trabalho 55 horas, para ganhar uns trocos, e não tem tempo para educar ninguém.
Dizem-me que a escola será democrática na medida em que assegurar que todos os alunos, independentemente de origem social ou económica, terão as mesmas oportunidades de desenvolver, através dela, o seu potencial. Então, devo dizer que a escola está a falhar rotundamente na sua missão.
Eu sei que as intenções eram boas, mas nem sempre as boas intenções resultam em boas obras.
O potencial de cada pessoa é pessoal. Diferente do das outras pessoas, portanto. Quem tem em si o potencial para vir a ser um excelente mecânico, ou um excelente agricultor, precisará de instrumentos de aprendizagem diferentes de quem tem em si o potencial para vir a ser um excelente médico ou um fabuloso biólogo, que, por sua vez, serão diferentes dos necessários a quem tenha o potencial para vir a ser um excelente pintor ou um escritor de renome e por aí adiante… Mas a nossa escola só oferece um modelo que, curiosamente, parece não servir a 100% ninguém. Quando se fecharam as escolas técnicas, argumentando que eram destinadas aos pobres, acabaram com a possibilidade de proporcionar, a quem tivesse potencial para isso, a formação técnica. Para que não se pensasse que eram destinadas aos pobres, fecharam-se a pobres e a ricos.
Uma pessoa que nasça com limitações graves, de ordem física ou mental, tem em si um potencial diferente. Pode vir a fazer grandes coisas se lhe forem dadas condições para tal. Mas não se pode é exigir que quem não tem as mesmas limitações seja forçado a trabalhar e a aprender pela bitola dessa pessoa, coma desculpa de que isso é feito para que o primeiro não se sinta inferiorizado. É como dizer que, porque alguns de nós são gorduchos (eu, por exemplo), são proibidas as calças de cintura descaída para que os gorduchos não se sintam diminuídos, já que as ditas calças lhes ficam mal. Integrar alunos com problemas de aprendizagem numa turma não é mau. Até é bom: faz de todos os alunos dessa turma melhores pessoas. Mas integrar esses alunos sem que o professor tenha recebido preparação para trabalhar com ele e sem entender que a turma terá que ser reduzida, é o mesmo que relegar o pobre aluno para uma espécie de limbo – o professor não sabe trabalhar com ele e ele não consegue aprender o que o professor ensina.
Outra coisa que é vox populi é que o que é dado e não custa esforço, não é valorizado nem apreciado. «Bens de sacristão, cantando vêm e cantando vão.» Crescer convencido de que nada exige esforço e de que tudo nos será dado porque a tal temos direito, é uma péssima base para qualquer tipo de trabalho. Os nossos jovens, que cresceram entregues à televisão e aos jogos de consola, que apenas treinam os músculos dos polegares a carregar nos botões do telemóvel, reagem mal à escola porque ela lhes exige trabalho. Eles vão lá para ser ensinados e ressentem-se com o facto de se lhes pedir que aprendam. Não gostam do professor porque ele lhes diz que não. Nunca aprenderam que há uma diferença básica entre o comportamento que é expectável num café e o que se espera numa sala de aula. Não reconhecem autoridade a ninguém, porque os pais nunca a exerceram: não têm tempo. Não respeitam ninguém, porque isso tem que se aprender e eles nunca o aprenderam. Não sabem pôr-se no lugar do outro, porque nunca foram ensinados a fazê-lo.
(continua…)

Quando se acha mole... PISA!

Aqui há uns sete ou oito anos fui aplicadora de testes PISA. Os testes, para quem não os conhece, são em forma de caderno: a página da esquerda tem o texto (que pode ser um texto escrito, uma gravura, um gráfico...) e a página da direita tem as questões relacionadas com esse texto (de escolha múltipla, de resposta directa, de interpretação...).
O aplicador passa as três horas do teste a olhar para os alunos, por isso tem ampla oportunidade de observar como eles trabalham. A maioria dos alunos a quem apliquei os testes - arrisco dizer que perto dos 70% - começa imediatamente a escrever, sem sequer passar os olhos pelo texto, quanto mais lê-lo. Suponho que isto diz muito sobre um dos grandes problemas do nosso ensino, que também se vê nos testes que normalmente dou aos meus alunos: tudo o que dá algum trabalho e não proporciona satisfação imediata, é deixado para trás. Assim, o que implicar leitura e/ou respostas extensas é deixado por fazer.
Quantos colegas já passaram pela situação que a seguir descrevo? Está-se na aula a fazer um exercício escrito. Um menino pergunta: «S´tora, o que é que é para responder na 2?» A professora lê a questão em voz alta. A criança ilumina-se: «Ah! Era isso!» O que se passa é que não leu a pergunta porque isso dá demasiado trabalho, ou então lê tão devagar que a pergunta não chega a fazer sentido, porque quando chega ao fim da leitura já não se lembra do princípio, dificuldade que, por sua vez, é filha da aflitiva falta de prática de leitura.
Estarei enganada?

terça-feira, 22 de abril de 2008

Sou uma admiradora de Alice Vieira

É verdade. Sou leitora de Alice Vieira desde os primeiros livros que publicou. Aqui há vinte e tal anos, quando comecei a dar aulas, fiz muita fotocópia (que paguei do meu bolsinho!) de excertos de Alice Vieira para dar a ler aos meus meninos dos sétimos anos. Mas, nestes vinte e tal anos, as coisas alteraram-se de tal forma que os livros de Língua Portuguesa dos 7º e 8º só trazem Alice Vieira, António Mota, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada...
Não tenho nada contra tais escritores. São pessoas estimáveis e tomara eu quealguns dos meus alunos lessem os livros deles. Mas é preciso mais! Quando eu andava na escola, os livros de leitura chamavam-se «Selecta Literária» e traziam excertos dos clássicos da Literatura Portuguesa. Enid Blyton, Odette de Saint-Maurice, Condessa de Ségur e quejandos, partia-se do princípio de que as leríamos nas nossas horas de lazer.
Não digo que se regresse a esse estado de coisas, mas não seria possível um meio termo? Fifty - fifty? Cinquenta por cento de divertimento e cinquenta por cento de clássicos?
Foi pelo que acima fica dito que resolvi dar aos meus catraios do 8º ano algumas páginas dos nossos clássicos. Fiz uma pequena selecção de textos de Padre António Vieira e outra de Eça de Queirós e é o que andamos agora a ler, com grande proveito e interesse. Já me apresentaram mesmo dois óptimos trabalhos de grupo sobre textos de Padre António Vieira.
E, para terminar, pergunto eu: não estaremos a estupidificar os nossos meninos, à força de lhes querer «facilitar» a vida e «aplainar» o caminho? E não será isso uma estupidez? Quando acabarem a escola, vão ter cá uma surpresa!!!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

As inverdades que têm mais saída quando se fala em Educação

1- Os professores nunca foram avaliados.
2- Só os maus professores é que chumbam os meninos.
3- Os professores são inimigos dos alunos.
4- Os interesses dos alunos são prejudiciais aos professores.
5- Os professores trabalham 14 horas por semana.
6- Os professores têm 3 meses de férias.
7- Os sindicalistas são maus profissionais porque não estão a dar aulas.
8- Os sindicalistas não trabalham.
9- Os sindicalistas não foram eleitos.
10- O único interesse dos sindicatos de professores é prejudicar os alunos.
11- O ensino em Portugal é mau porque os professores portugueses são maus.
12- A ministra é corajosa porque está contra os professores.
13- Se está contra os professores, então a ministra está do lado dos alunos (vide 3).
14- O facto de as faltas deixarem de contar seja para oque for reforça a autoridade da escola.
15- As escolas são mal geridas porque os C. Executivos são eleitos.
16- Dar «cheques-ensino» ia melhorar o ensino e torná-lo mais barato e eficaz.
18- Os jovens devem ser incentivados a estudar cada vez mais.
19- Se os licenciados não arranjam emprego, a culpa é deles que se licenciaram em coisas que não interessam às empresas.
20- A ministra defende a escola pública.

Alguém se lembra de mais?
E, já agora, será que com este estendal de mentiras, a política da educação em Portugal vai a alugm lado?

25 de Abril na minha escola


Está em exposição o 25 de Abril de 1974. Além de engraçadíssimos cartazes com entrevistas a personalidades várias - desde o Presidente do CE até à Presidente da Câmara, passando por notáveis e anónimos - estão em exposição artefactos da época. Uma velha máquina de esrever «portátil» - pesavam uma arroba! - um gira-discos, gravadores de bobinas e de cassettes, livros e discos, bijuteria, e os jornais, os espantosos jornais do dia... Tudo organizado pelos garotos dos 7º e 9º anos, que ficaram pasmos quando lhes disse que me lembrava perfeitamente da data (não sabiam que eu era assim tão velha!). Estão de parabéns as turmas e as suas professoras de História!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Análise do dia D na minha escola

Parece-me chegada a hora de a fazer.
Como delegada sindical, divulguei-a o mais possível. Contei ainda com a colaboração das colegas mais combativas. Distribuímos panfletos (feitos por mim), afixámos um enorme cartaz no placard sindical, falámos com as pessoas.
Passei a noite de 14 para 15 quase em claro, a ler coisas, a fazer compilações do que se dizia na imprensa e nos blogues, a antecipar perguntas, a analisar o «entendimento» para poder falar dele sentindo-me esclarecida.
Cheguei à Escola às 8 horas - a reunião estava marcada para as 8 e meia. Tocou para o primeiro tempo às 8 e 25 e eu fiquei na sala com mais uma colega. Deppis chegou uma segunda. No primeiro intervalo, hora em que a reunião esteve mais animada, chegámos a ter 14 pessoas. A escola tem 90 professores! Contratados, estava um.
Foi uma reunião produtiva, é verdade que foi. Debateu-se, todos deram a sua opinião, todos colaboraram na redacção do documento final.
Mas, pergunto eu, onde estavam os outros? Não se ralam? Não querem saber? Estão à espera, a ver o que acontece? É-lhes igual ao litro?

terça-feira, 15 de abril de 2008

Dia D na minha escola

Este foi o documento que foi aprovado

Os abaixo-assinados, professores da Escola Secundária de Palmela, sentem-se incomodados com o facto de, após a manifestação do dia 8 de Março, que reuniu milhares de professores unidos na rejeição TOTAL e COMPLETA do modelo de avaliação imposto pelo ME, a Plataforma Sindical tenha aceite pôr em prática o modelo, sem alterações, embora essa aplicação se apresente travestida de experiência e preveja uma eventual negociação em Setembro de 2009, depois de todo um ano lectivo ser arruinado na tentativa de pôr semelhante modelo em prática.
A rejeição deste modelo deve continuar. Ele deve ser rejeitado na sua totalidade, ou alterado de forma muito substancial, antes de qualquer experimentação, da qual nunca se deverá prescindir. Assim, queremos que a Plataforma Sindical não assine este entendimento e prossiga a mobilização da classe docente contra este modelo de avaliação e a política educativa do governo.
Escola Secundária de Palmela. 15 de Abril de 2008

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Só o meu cómico favorito...

... me faria rir numa altura destas. Em plena preparação para o Dia D, com um monte de fichas de gramática para corrigir, com testes para fazer, com aulas para preparar... Só mesmo o meu cómico favorito me arrancou umas boas gargalhadas. «Gato Fedorento»?! Ná! Muito melhor. Ora leiam!

sexta-feira, 11 de abril de 2008