terça-feira, 24 de novembro de 2009

Claro que toda a gente sabe que os homossexuais nascem em vasos...



Às vezes, dou por mim com pena de algumas pessoas. Leio o que escrevem e penso que, para elas, o mundo deve estar a transformar-se, a passos largos, num lugar tenebroso.
Mas, quanto a mim, prefiro este mundo "velho" - feito de homens e mulheres, nascidos (ou adoptados) de casamentos entre homens e mulheres, com pais e mães, irmãos e irmãs, primos, tias e avós(...)

Fruto desse pavor, escrevem não importa o quê! Como imaginarão estas pessoas uma família em que há dois pais ou duas mães?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Casamento ou Vrrrnhéc?


Quer-me parecer que o que está em jogo e o pessoal do «contra» não diz é que, com o casamento para tod@s, a heterossexualidade das pessoas casadas deixa de ser presumida de imediato.
Até agora, facto de alguém se identificar como casado implica automaticamente a sua condição de heterossexual. Quando o casamento for alargado a tod@s, isso deixa de ser automático. Pelos vistos a identidade hetero é tão frágil, nestas cabeças, que se não for presumida, não existe... É por isso que tanto insistem na mesma-coisa-mas-com-outro-nome.
Nestas cabeças, heterossexuais somos todos até que @s que o não são anunciem esse facto. O casamento aberto a tod@s, o reconhecimento da homoparentalidade, a adopção por casais do mesmo sexo serão mais passos a dificultar este estado heterossexista de coisas - e o problema está aqui. Certo?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O NOVO PROGRAMA QUE COMEÇARÁ JÁ NO ANO QUE VEM A DEFORMAR MAIS AINDA AS JÁ DEFORMADAS CABECITAS DOS NOSSOS INFANTES




Alguém já passou os olhos pelo Novo Programa de Língua Portuguesa? Eu já. E só pergunto isto: mas por que carga de raios tenho eu (ou qualquer outro colega) que ler carradas de tontices sem interesse nenhum? Mas o que é aquilo?
Não resisto a incluir um parágrafo, retirado da página 28
A fim de contrariar a eventual propensão para se acentuar o eixo dos
conteúdos, chama-se a atenção para a necessidade de se não trabalhar o programa
apenas em função dos referidos conteúdos; estes facultam uma metalinguagem
comum aos professores dos três ciclos, no sentido de se reverter a deriva
terminológica que se foi manifestando nos últimos anos. De um ponto de vista
didáctico, eles devem ser activa e criativamente articulados com os desempenhos
esperados, agrupados por grandes linhas orientadoras (coluna da esquerda) do
trabalho sobre as competências; a não ser assim, o programa poderá resultar numa
mera descrição de conceitos, com escassas consequências no plano da aquisição e
do desenvolvimento de competências. Acrescente-se ainda que mais importante do
que levar os alunos a memorizar definições de termos (um risco que se agrava
quando estão em causa termos metalinguísticos) é torná-los capazes de utilizar
correctamente, em contexto, os respectivos conceitos.

É tudo assim.
Tudo!
Esta é a lista de textos a incluir no Projecto Curricular de Turma (ainda alguém me há-de explicar para que serve esta coisa) do um 7º ano:
• três narrativas de autores portugueses
• um conto tradicional
• um texto dramático de autor
português (incluindo literatura juvenil)
• um conto de autor de país de língua
oficial portuguesa
• uma narrativa de autor estrangeiro
• dois textos da literatura juvenil
• poemas de subgéneros variados

Aceitam-se sugestões... de interpretação desta lista.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

As últimas da Gramática



Uma colega que tem andado em «formação» sobre a nova terminologia gramatical (a defunta e nada saudosa TLEBS, actual sabe-se-lá-o-quê) veio de lá com a ideia brilhante que, ao implementar os novos programas do 3º ciclo, deveremos ser contra a «gramática normativista». Se a gramática é um conjunto (lá está) de normas, não vejo como pode deixar de ser normativista, pelo que espero com impaciência os desenvolvimentos.
Parece também que, quando se implementar o dito programa, as crianças deverão ser deixadas a intuir as regras. Nada de dar regras aos meninos, é deixá-los descobri-las sozinhos. A roda já foi inventada, mas é sempre bom inventá-la de novo, certo? Eu dava aos autores desta pérola duas toneladas de alumínio, umas ferramentas e dizia-lhes que fizessem o seu próprio automóvel: já viram tantos que devem, com certeza, intuir como se faz um.
E, já que estamos com as mãos na massa, eu acabava com a legislação normativista. Depois de ser atropelado umas cinco ou seis vezes, qualquer indivíduo esperto deve intuir que andar pelo meio da estrada é capaz de ser má ideia.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

As boas escolas



Parece que são as católicas, por cá. Pelo menos, era o que vinha no jornal.

Não tenho parti-pris especial contra escolas confessionais. Não matricularia as minhas filhas numa, mas acho que quem quer deve poder fazê-lo.

Vamos à exigência e ao rigor: a escola pública, neste momento, está proibida de exigir e de ser rigorosa. E está tão carregada de «coisas» que, na opinião de uns sábios quaisquer, têm que ser ensinadas na escola, que já não tem tempo para ensinar muito. É a educação alimentar, a educação ambiental, a educação sexual e para a saúde, a educação do consumidor, a educação para a economia, a formação cívica e o estudo acompanhado e a área de projecto...

Acrescenta-se a isto uma interpretação errada e tonta do que significa «igualdade de oportunidades». E ainda, porque uma desgraça nunca vem só, o facto de que muitas das crianças que chegam à escola vêm em «estado bruto»: não aprenderam as mais elementares regras da vida em sociedade e, portanto, dizem e fazem tudo o que lhes passa pela cabeça, são incapazes de resistir à mais pequena frustração e chegam ao infantário com milhares de horas de televisão no bucho.

Portanto e recapitulando: na escola pública têm que caber todos os meninos (e ainda bem); cada pai ou mãe, que não tem tempo para educar os filhos, quer que o seu rebento seja tratado como o filho único de uma senhora viúva; o professor, cada vez mais mal tratado, mais mal pago e com menos formação inicial, tem que ser professor, pai, psicólogo, ama-seca, entertainer, polícia sinaleiro, especialista em perturbações da personalidade e do crescimento, médico generalista, enfermeiro e burocrata.

Precisarei de dizer mais?