quinta-feira, 22 de abril de 2010

Desânimo



A escola está hoje pior do que nunca. E, o que ainda piora tudo, as pessoas estão cansadas, desanimadas, fartas. É o tom geral que vou apercebendo, e eu, por mim, estou à beira do fim da minha resistência.
Não tenho tempo de preparar uma aula decente. Mas quando, por acaso, consigo roubar umas hoas ao sono, e preparo qualquer coisa, a reacção dos meus alunos é quase sempre a mesma: «Que seca!».
Passo tempos infindos em reuniões estúpidas e inúteis, a ouvir ler e aprovar actas de outras reuniões estúpidas e inúteis.
Perco horas em «formações» obrigatórias, que em nada contarão para a minha avaliação. Tenho, além das horas lectivas, mais algumas de «apoios» a jovens que não querem ser apoiados e que faltam mais do que aparecem - o que não invalida que eu tenha que lá estar à espera deles e que lhes preparar trabalho.
A «reunite» subiu a píncaros imprevisíveis. Neste último ano, a minhoquice com os papéis parece que refinou. Nunca escrevi actas tão compridas e empernigaitadas como agora - tudo tem que ser escrito umas três vezes.
As criancinhas estão a trepar a picos de má educação que só não espantam quem esteja na escola o dia todo.
Até pode estar a passar para a opinião pública que a política para a Educação mudou desde os tempos de Maria de Lurdes Rodrigues, mas quem está nas escolas ainda não viu mudança alguma, a não ser para pior.
A luz ao fundo do túnel provou ser um comboio que vem, a toda a velocidade, na nossa direcção.