quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Cansaço...

Devo andar muito cansada. Ter o horário, não de efectivo trabalho apenas, mas de permanência fira de casa praticamente duplicado, ao fim de seis ou sete anos começa a notar-se.
Não vou discutir pela n-ésima vez se os professores trabalham muitas ou poucas horas. É um peditório para o qual já dei até quase me arruinar. A maioria das pessoas tem da escola a ideia que  formou como aluno e só levando-os lá e mostando-lhes como  é, de facto, visto do lado de cá da secretária... Portanto, e recapitulando, não vou discutir o sexo dos anjos.

Objectivamente falando, talvez porque dobrei o cabo dos 50, talvez porque, para além do trabalho, tenho mais coisas a dar-me preocupações, ando muito cansada. O cansaço atinge-me de muitas maneiras. Acordo cansada. Chego ao domingo e começo a deprimir-me porque no dia seguinte é segunda feira. Deixo acumular trabalho porque não me sinto com forças para o fazer e não consigo repousar devidamente porque a consciência me acusa de estar a deixar acumular trabalho.

Já tomei vitaminas e magnésio, já voltei às minhas sessões de reiki mas o cansaço não se deixa enganar. Só retomarei a forma descansando, que é, precisamente, o que eu não posso fazer. O meu horário deste ano, obriga-me, entre aulas, actividades «não lectivas», absurdas «horas de almoço» de três tempos e desencontros com o horário da minha filha, a estar na escola trinta e sete tempos lectivos. Nas segundas feiras estou na escola das oito e trinta da manhã às seis e trinta da tarde: dez horas seguidas. E já não tenho os vinte e três anos de quando comecei a ensinar e tinha que me levantar às seis da manhã para entrar na escola às onze e vinte, depois de ter apanhado três autocarros e subido toda a Rua Carvalho Araújo, na Damaia. Nessa altura, depois da odisseia matinal, eu chegava à Escola com a energia intacta. Agora, quando saio de casa já vou estafada.

No sábado passado, a subir as escadas lá de casa, dei de repente comigo a ter que pensar como é que se sobe uma escada. Repito: tive que pensar como é que se sobe uma escada. Ensarilhei-me e ia caindo. É assustador. É cansaço. Só passa descansando, que é, precisamente, o que eu não posso fazer.

1 comentário:

Ana Santos disse...

Como eu te percebo. Ninguém foi mais sacrificado e espartilhado do que aquilo que representamos. Na recta final para a minha aposentação foi a parte mais dificil. O tempo parecia ter parado. Por incrivel que parecesse já não existia tempo, tudo era para ontem,e o pior era a falta de sentido, de comprensão daquilo que nos exigiam.Hoje sinto que posso respirar, tenho todo o tempo do mundo. Especialmente à noite não tenho que andar à pressa, não tenho que me isolar, tenho tempo. Bem não vou fazer-te inveja,porque estou contigo e todos que aí estão em condições desmotivantes.