quinta-feira, 28 de maio de 2009

E, de repente...

... gente que apregoa a sua filiação na esquerda, que enche a boca com o PS - aqui entendido como Partido Socialista - gente que apregoa a superioridade do dito Partido na luta contra a ditadura, acha que sim, que deve passar a haver câmaras e gravadores nas salas de aula, que os bons professores não se importarão por certo de ser gravados e os que se importarem serão, por definição, maus professores, incompetentes, quiçá criminosos...
Mas o que é que se está a passar neste país?

Depois de muito pensar...

Começo por dizer que não conheço a professora em questão, e não consegui ouvir a gravação integral no site do DN porque os computadores a que tenho acesso não têm som.
Continuo, dizendo que compreendo algumas declarações de pais que fui lendo na Net – cada pai ou mãe pensa nos seus filhos, nos amigos deles, nos miúdos que conhece…
Agora, posto o que atrás fica dito, o que mais me assustou foi a presteza de comentadores televisivos e bloguistas (sabendo que estão a ser gravados e lidos) em considerarem a professora como padecendo de problemas mentais e incapaz de dar uma aula mais que seja.
Como professora há 25 anos, sei que os adolescentes se têm vindo a especializar numa prática em que já eram bastante bons à partida: a arte de puxar pela corda até levar um adulto ao descontrole. Quem, lidando diariamente com adolescentes, nunca teve que reprimir uma vontade violenta de esbofetear um deles, que me venha desmentir.
Tudo o que ouvi dizer à professora de Espinho (era Espinho?) cabe no rol de asneiras que se dizem quando somos levados a perder a cabeça. Se fôssemos gravados sempre que perdemos as estribeiras, calculo que sairiam coisas semelhantes.
Não estranharam o silêncio da turma? Não vos incomoda que uma mãe desse à filha um gravador para que a turma «puxasse» pela professora e a levasse a dizer, para o gravador cuja existência ignorava, coisas de que depois se arrependeria?
Uma professora também é um ser humano. Perde a cabeça, irrita-se, diz coisas que não devia. Estamos todos assim tão certos de que, na mesma situação, teríamos um comportamento irrepreensível?
Muitas vezes, quando os meus alunos estão demasiado barulhentos, ameaço: «Será que tenho que matar um de vocês para exemplo dos restantes?» Eles riem-se e o barulho acalma por uns dez minutos. Imaginem esta frase gravada e passada numa televisão com o rodapé «Professora ameaça alunos de morte».

Uma mera opinião que não pretende ser mais do que isso mesmo: uma mera opinião.

Estive a ler
isto, com crescente interesse.
Por coincidência houve uma conversa sobre o mesmo tema (ou tema aparentado) lá na sala de profes. Parece-me que a herança romântica das paixões assolapadas como fundamentação de casamentos é uma rematada asneira. Sempre tive para mim que se o Simão e a Teresa chegassem a casar, aquilo não durava seis meses.
Como vivemos numa sociedade televisiva e cheia de artigos descartáveis, a televisão vende às pessoas a peregrina ideia de que, se não estão felizes (sempre a sorrir, aos pulos, magros, loiros, maquilhados e jovens), é porque estão a fazer alguma coisa mal. Vai daí, o p'ssoal casa e assim que deixa de se sentir feliz,sei lá,no dia em que sobra mês no fim do ordenado, ou em que não apetece o truca-truca porque se está cansado ou... sei cá eu, essas coisas que minam as paixões assolapadas! - zut! Vamos divorciar e «tipo» casar outra vez, e repete, e repete, e repete...
Na minha curta experiência, os casamentos estáveis resultam de pares que ultrapassaram a paixão (assolapada ou nem por isso) e continuam a entender-se e a respeitar-se mutuamente, e a fazer cedências de parte a parte. O hábito pode não fazer o monge mas os bons hábitos costumam fazer bons casamentos.

NOTA - A autora é o mais possível a favor de legislação que permita e facilite o divórcio a quem o deseja, até por estar convicta de que nenhuma lei obrigará a ficar juntas duas pessoas que não querem estar juntas.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Quanto melhor pior, ou quanto pior melhor, ou quanto melhor fores pior para ti?

Li com a moderação que consegui.
Talvez a pergunta (retórica ou não) que vou colocar seja uma crueldade, mas não posso deixar de a fazer: justifica-se escolher a dedo os melhores professores para lidar com os piores entre os piores alunos? Ser mau aluno é que está a dar? Para os bons e para os muito bons alunos, qualquer coisinha serve? E, já agora, como vamos motivar a próxima geração de professores? Discursos do tipo: quanto melhores forem piores serão os alunos que vos irão parar á sala de aula?