quarta-feira, 18 de março de 2009

A TRETA DOS IMPOSTOS, OS IMPOSTOS DA TRETA E OS IMPOSTORES

A blogosfera está cheia, a deitar por fora, de indignados cidadãos que pagam os seus impostos e que, visto isso, não estão dispostos a «sustentar» as «mordomias» «dessa gente» (leia-se «funcionários públicos») que «nem impostos paga».
Longe de mim pugnar contra o seu legítimo direito de se indgnarem e tal, mas, já agora, gostava que soubessem bem com o que se indignam.
«Essa gente» são os funcionários das finanças, que até podem ser antipáticos às vezes, sobretudo quando cumprem ordens surreais vindas dos insuspeitos senhores que nos governam, mas que vos ajudam a preencher os impressos; são os médicos que vos tratam quando estão doentes; são os enfermeiros que vos vacinam; são os professores que vos educam os filhos e os auxiliares que tomam conta deles; são os polícias que vos defendem os bens; são os homens e mulheres que varrem as ruas que vocês sujam e delas retiram o lixo que vocês fazem... vamos lá a um bocadinho de respeito,sim?
«Essa gente» paga impostos. Quando se quer lixar os funcionários públicos, avança-se com os salários brutos, que nenhum deles recebe. Os funcionários públicos, como qualquer trabalhador por conta de outrem, têm o IRS descontado automaticamente. Têm ainda descontada a contribuição para a ADSE e para a Caixa Geral de Aposentações. E pagam IVA em cada coisa que compram. E IMI pelas suas casas. E IA pelos seus automóveis. E Imposto sobre os Produtos Petrolíferos na gasolina, no gasóleo e no gás. Ou alguém acredita que quando vou à bomba meter gasolina me perguntam se sou Funcionária Pública e me vendem a gasolina mais barata por via disso?
Agora, força nessa indignação, depois de responderem a esta: em vez de gritar para que se tirem aos funcionários públicos as coisas boas que, pelos vistos, eles têm e vocês não, não seria melhor gritar para que vo-las dêem também? Não seria melhor, pergunto eu, estarmos todos melhor, em vez de estarmos todos pior?

segunda-feira, 16 de março de 2009

Escrito à pressa...

... e com a devida vénia à Isabel Coutinho (que nem sequer conheço) que escreveu o que a seguir cito, num comentário do Arrastão (link ali ao lado):

Trabalhadores privados contra Trabalhadores da Função Pública e vice-versa;
Empregados contra Desempregados e vice-versa;
Activos contra Reformados e vice versa;
Precários contra os do Quadro e vive-versa;
Independentes contra Dependentes e vice-versa;
Novos contra Velhos e vice-versa;
Pobres contra Ricos e vice versa;


E eu só acrescento: por que carga de raios somos assim? Por que demónio é que, em vez de nos unirmos contra um governo que pretende lixar-nos a todos, aplaudimos de pé enquanto achamos que ele está a lixar os outros e que a nós não há-de calhar nem uma folhinha de lixa? E só nos lamentamos quando, finalmente, nos toca, salvaguardando, no entanto, que os outros deverão sempre, e por todos os meios ser lixados?
Que merda de país triste este!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Efeméride (muito) pessoal


O meu avô Zé faria hoje 100 anos. Não se passa um dia sem que sinta a sua falta. Na nossa família, em que quase todos têm imaginações vivas e trabalhadoras, às vezes em excesso, o avô era uma âncora na realidade.
Deixo-o aqui, acompanhado pelo grande amor da sua vida, a avó Maria. São o meu exemplo pessoal de casal perfeito.

E parabéns ao meu pai, que também faz hoje anos.

terça-feira, 10 de março de 2009

Primavera



Um par de pintassilgos está a fazer ninho mesmo em frente da minha janela. Ainda ontem andavam num namoro descarado... e hoje apanhei o pintassilgo em flagrante delito, com palhas no bico, a entrar à sorrelfa no emaranhado de ramos da mimosa.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Volta Lenine, estás perdoado...

Nos meus tempos de militância comunista - mais antigos que a Sé de Braga - lembro-me que um dos horrores de que se acusavam os comunistas era de tirarem as crianças aos pais, para serem «educadas pelo estado». Era assim que se dizia, «educadas pelo estado», de olho arregalado e em alvo pela enormidade da coisa.
Agora, são os pais a reclamar que a escola pública - c'est à dire, o Estado - lhes leve os filhos e os eduque, para eles poderem trabalhar também à noite e aos fins de semana. E, entre os poucos que reclamam contra as escolas-armazém de crianças tiradas aos pais, ainda que a pedido destes, estão os comunistas. Está o mundo roto e chove nele como na rua, diria a minha avó.

O cheque

Quando fui aliviada da carteira, claro que também lá ia o cartão da ADSE, que eu cá, quando perco, é em grande estilo: vai tudo!
Fui à secretaria da Escola pedir uma 2ª via.
Na era da Internet e do Simplex, tive que preencher um impresso a pedir uma 2ª via, escrever uma carta ao Exmo Director Geral a pedir que se digne a mandar passar a tal 2ª via, que já pedi no impresso e, surrealismo supremo, passar um cheque de ... 2€! Um cheque de 2€! Vou ter que ir ao banco - eu que há anos não uso cheques - pedir cheques, para passar um cheque de 2€...

terça-feira, 3 de março de 2009

Dúvida existencial 2

Se temos que trabalhar até mais tarde porque vamos viver mais tempo, por que raios é que uma pessoa aos 50, e mesmo aos 40, é demasiado velha para procurar emprego?
Se teremos que mudar de emprego várias vezes ao longo da vida, por que demónios uma pessoa de 50, ou mesmo de 40, é demasiado velha para mudar de emprego? E, simultaneamente, é demasiado jovem para se reformar, certo?