É verdade. Sou leitora de Alice Vieira desde os primeiros livros que publicou. Aqui há vinte e tal anos, quando comecei a dar aulas, fiz muita fotocópia (que paguei do meu bolsinho!) de excertos de Alice Vieira para dar a ler aos meus meninos dos sétimos anos. Mas, nestes vinte e tal anos, as coisas alteraram-se de tal forma que os livros de Língua Portuguesa dos 7º e 8º só trazem Alice Vieira, António Mota, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada...
Não tenho nada contra tais escritores. São pessoas estimáveis e tomara eu quealguns dos meus alunos lessem os livros deles. Mas é preciso mais! Quando eu andava na escola, os livros de leitura chamavam-se «Selecta Literária» e traziam excertos dos clássicos da Literatura Portuguesa. Enid Blyton, Odette de Saint-Maurice, Condessa de Ségur e quejandos, partia-se do princípio de que as leríamos nas nossas horas de lazer.
Não digo que se regresse a esse estado de coisas, mas não seria possível um meio termo? Fifty - fifty? Cinquenta por cento de divertimento e cinquenta por cento de clássicos?
Foi pelo que acima fica dito que resolvi dar aos meus catraios do 8º ano algumas páginas dos nossos clássicos. Fiz uma pequena selecção de textos de Padre António Vieira e outra de Eça de Queirós e é o que andamos agora a ler, com grande proveito e interesse. Já me apresentaram mesmo dois óptimos trabalhos de grupo sobre textos de Padre António Vieira.
E, para terminar, pergunto eu: não estaremos a estupidificar os nossos meninos, à força de lhes querer «facilitar» a vida e «aplainar» o caminho? E não será isso uma estupidez? Quando acabarem a escola, vão ter cá uma surpresa!!!
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