segunda-feira, 19 de março de 2012

ADOPÇÃO

Como leitora regular do jugular, acompanhei a discussão que se seguiu a este post. Lá entre o meio e o fim toda a gente parece ter caído num erro crasso e básico - e, já agora, alimentado por alguns. O que se discute, aquilo sobre o que se quer legislar, NÃO É sobre se ser homossexual deve ser um ponto a favor na altura de adoptar, mas sim sobre se deve ser um ponto contra. É sobre a estupidez de um homossexual solteiro poder adoptar, um heterossexual solteiro poder adoptar, um casal cujos membros são de sexo diferente poder adoptar mas um casa cujos membros são do mesmo sexo não poder. Não se trata aqui de as pessoas poderem adoptar porque são homossexuais, mas de poderem adoptar porque a isso estão dispostas, sem serem excluídas porque são homossexuais.
E vêm estatísticas sobre como os homossexuais são «naturalmente» promíscuos: se um casal hetero apresentar sinais de promiscuidade será que o tribunal os deixa adoptar porque, apesar de promíscuos, são heterossexuais?
Estas pessoas que escrevem estes chorrilhos de ódio acham mesmo que os homossexuais vão «passar à frente» nos processos de adopção?
E, já agora, as pessoas que enchem as caixas de comentários de palavreado insultuoso e homofóbico, porque se espantam quando alguém os trata por menos de «excelência»? Como é que acham que podem insultar, rotular os outros com «mimos» que vão de «esquerdalho» a «rabetagem» e outras delicodocices do género e se sentem depois muito insultadas porque alguém coloca a hipótese de um filho deles ser homossexual? O que é que se passa na cabeça destas pessoas?

domingo, 18 de março de 2012

A Guerra Santa

Desde que os rádios deixaram de ter um botãozinho que roda e passaram a ter uma coisa que faz andar o sintonizador digital (ou lá o que é) de 0.5 em 0.5, os rádios dos carros tornaram-se semi independentes e vai daí damos connosco a ouvir uma estação que nunca sintonizámos, mas que o rádio achou que nos fazia bem ouvir. Foi assim que, aqui há atrasado, regressando do cinema a desoras, eu e o marido demos connosco a ouvir a Rádio Renascença e... ó meuzzz amigozzzz! Ele eram três criaturas com vozes entre o risonho e o delicodoce a queixar-se de que os cristãos estão a ser perseguidos em todo o mundo e mormente na Europa. Perseguidos! The horror! Parece que o governo britânico, esse aliado de Satã, se prepara para proibir os cristãos de ostentar cruzes ao peito no espaço público. O tempora, o mores! Não tarda que tenham que regressar às catacumbas!
E eu aqui à janela a ver os meus vizinhos a regressarem da missinha dominical e nem um cocktail molotov se lhes atira! Acho que ainda ninguém foi martirizado em Vila Coisa de Coiso... Sinto-me, sei lá, discriminada!
Vem a propósito disto e de tudo que se lhe seguiu. Estará mesmo tudo doido?

quinta-feira, 15 de março de 2012

Parque quê?

Declaração prévia por causa das tosses:
1. Acho o actual governo muito mau.
2. Acho que o anterior governo foi igualmente mau.
3. É possível que o actual governo faça, lá de vez em quando, uma coisa boa.
4. O anterior governo deve ter feito algumas coisas boas, lá de vez em quando.

Coisa em si:
Acho - isto é uma opinião pessoal, que desejo fervorosamente que esteja errada -  que a Parque Escolar (que foi criada pelo anteiror governo) foi criada com o único fito de, mais tarde ou mais cedo, vender as escolas melhores ao sector privado, numa daquelas negociatas em que o Estado perde à grande e ainda fica responsável por pagar ao comprador no caso de o futuro colégio não dar o lucro esperado.
Parece-me - isto é uma opinião pessoal, que desejo fervorosamente que esteja errada - que a  forma como foram entregues as obras, como foram definidas as prioridades (do tipo que escolas precisam mais de obras) e como foram estudadas as ditas obras (em termos, por exemplo, do que virá a custar a manutenção das novas escolas) foi tudo menos transparente.
As duas ministras da Educação do governo anterior (não mancharei o meu teclado escrevendo-lhes os nomes) foram as piores  criaturas a deter a pasta. O actual ministro está a fazer o que pode para se pôr em pé de igualdade com elas.

O que irrita:
Ver a esquerda (na qual cada vez acredito menos, sem por isso ter passado a acreditar na direita) atacar o actual ministro pelo método de tentar, desesperadamente, provar que o anterior ministério e o anterior governo é que eram! Bem sei que o anterior governo era de um partido que se chama socialista, mas era tão de esquerda como eu sou um gato. Defendê-lo fica mal à esquerda, desacredita a esquerda, afasta da esquerda política a esquerda votante. Não é o facto de este governo ser mau que torna o anterior bom, nem mesmo por comparação.
A bandalheira das obras nas escolas é uma gota d'água ao lado do que andam a fazer ao ensino. Bastará que vos diga que, neste momento, poucos professores conseguem ainda ensinar. Mas que porcaria de esquerda é que temos?